Milhafre-preto | Terras de Sicó

É uma ave bastante abundante nas regiões tropicais e temperadas, tais como, a Eurásia, África e Austrália.

O milhafre-preto é uma ave de rapina que pode atingir um tamanho de 60 cm. As suas asas são grandes e curvadas apresentando uma envergadura de 1,35 a 1,55 cm. Tem um peso aproximado de 650 a 950 g. A sua cabeça é esbraquiçada salpicada de cinzento. Contra a luz do sol parece que a sua cor é preta, mas na verdade, a cor da sua plumagem é castanha. O seu peito é de castanho-avermelhado a negro. A sua cauda é bastante longa e um pouco recortada de cor castanho-negro, terminando numa bifurcação. O seu bico negro é em forma de gancho e na região envolvente apresenta uma cor amarela, assim como, as suas patas. O se voo é muito leve.

É uma ave migradora, que regressa do Sul do Sahara onde passa o Inverno, em Março. Vem para Portugal para se reproduzir e são aproximadamente 4 meses em que os podemos visualizar nos nossos céus. Durante a época de reprodução, começa a demonstrar os voos nupciais com a sua parceira e a emitir sons tremidos e barulhentos “hiu huuhuu”. Quando se sente em perigo emite sons de alarme “kie kikiki”. Este animal tem hábitos de caça diurnos.

Alimenta-se fundamentalmente de carne morta proveniente e outras aves de rapina mortas. Porém, também se come espécies aquáticas, como por exemplo, peixes doentes ou mortos que ficam a flutuar os rios. Para além disto, ainda podem procurar comida nos aglomerados populacionais ou nos campos agricultados, exactamente as espécies que o lavrar deixou à superfície.

O Milvus migrans reproduz-se entre o mês de Fevereiro e Maio. No final de Abril a fêmea põe 2 ou 3 ovos de cor creme com manchas castanhas, que demoram a incubar entre 28 a 32 dias pela fêmea, enquanto que o macho fica responsável por levar comida. Esta incubação faz-se em ninhos por eles construídos em árvores, em particular nas que se encontram situadas perto de lagos ou de campos. A base do ninho é feita de ramos e o interior é composto por panos, papéis e detritos que encontram. Esta espécie constrói os seus ninhos próximos uns dos outros, formando verdadeiras colónias. Os jovens milhafres começam a voar ao fim de um mês e meio.

A espécie pode ser observada em diversos tipos de habitats. A sua preferência vai para os vales das montanhas e os terrenos de baixos. O sítio escolhido tem que ter em conta duas condições: primeiro, a presença de grandes arvores ou rochas favoráveis à construção dos ninhos; segundo, tem que estar próximo de água, lagos ou lagoas que são necessários ao seu aprovisionamento e à sua alimentação. O milhafre negro pode também observar-se nos arredores das cidades.

Em Portugal o estatuto desta ave é “Não Ameaçada”, isto porque, existem algumas populações no nosso país que se mantêm estáveis ao longo do tempo, apesar das várias modificações existentes no seu ecossistema.

A população europeia do milhafre negro regrediu fortemente desde os últimos 20 anos, nomeadamente na parte Este da Europa. As causas desta diminuição são várias: a perseguição feita pelo homem, a caça, a modificação das práticas agro-pastoris. Outros perigos apareceram recentemente, como a colisão e electrocussão nos cabos eléctricos.
Tal como foi visto, o Milvus migrans é uma espécie estival relativamente comum em Portugal e em toda a Península Ibérica. A população passa o Inverno sobretudo nas regiões costeiras da África Ocidental (desde o Senegal até ao Sul da Nigéria). Podem-se observar estas aves em meados de Agosto e início de Setembro quando estas passam pela zona de Sagres.

Fotos: WIKIMEDIA COMMONS